6/23/2007

Esteé meu primeiro conto: si deliciem!

Sangria do Adágio
Por tempos regozijei-me com prazeres mundanos, sem ao menos apreciar o que verdadeiramente representa o conhecimento. Talvez tenha amadurecido depois de tantos anos.Somente agora, vi que era necessário criar vínculos com o concreto.Ano após ano dava-me prazeres inigualáveis, estava na hora de alimentar-me de sabedoria.O que mais me interessou de todos os campos, foi à arte de ler, a arte literária! Decodificar o que os escritores pensam, pensavam.Encantei-me perdidamente pelos boêmios, quem sabe os tivesse dado valor nas ocasiões. Poderiam ter me ludibriado mais que em pensamento.Em uma dessas noites de morbidez, em seu caminhar de formosura, que encontrei meu futuro mestre.Seu nome, resolvi não saber. Planejava uma refeição completa.
* * *
Sempre me dediquei às artes, em especial, literárias.No auge de meus enleios, quem nem ao menos tinha tempo em ler e com toda aquela obscuridade, conheci uma moça que me intrigou pelos seus modos, características.Ela fez questão de não me dizer seu nome. Gostava que eu a nomeasse com um título de nobreza, instantaneamente deixou-me estatelado.A Baronesa chamava-me apenas por mestre.O que mais aguçava minha curiosidade, foram às conclusões que tomei a seu respeito. Ela era muito jovem, quando conversávamos, tinha a impressão que conversava com uma senhora, já muito vivida e experiente e que a aproveitou de todas as maneiras possíveis.Em seu rosto não havia expressões de fortes abalos emocionais, parecia-me que os causava quando declamava os sofrimentos.A seu lado, sentia um torpor transcendental, tal ponto que perdia os sentidos, acordando em seus braços, com suas mãos frias e delicadas e uns cantos exclamados, isso tudo era decerto meu sono querendo se apresentar a moça, que carinhosamente tentava me acordar.Nossas conversas sobre arte faziam-me sentir como se fosse um ser que supera a sabedoria.Esta moça deixava-me intrigado, cheguei a concluir que se tratava de uma feiticeira, mas seu refinamento e suas maneiras não condiziam com essa infâmia definição.Estamos chegando ao fim de nossos encontros; sentirei falta daquele rosto estupendo, do brilho infernal, de seus olhos negros expressivos, que os encontravam perdidos em minhas respostas, ficando a mercê daqueles lábios vermelhos; adoro a maneira como ri, sentirei falta.
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Último dia do aperfeiçoamento de minhas faculdades mentais. Que edificará a transmissão encantadora de meu charme.Planejei uma refeição rápida para não sentirmos tanto nossa despedida. É uma pena, o mestre fascinante.Nessa noite revisamos vários assuntos. Fez-me perguntas que pareciam o incomodar, afinal, eu o estava absorvendo. Como era curioso!Não consegui contornar as situações em que me colocava.Alimentei-me de toda sua essência, de toda sua vida.Tinha um sabor individual, meu mestre não lutou se quer um instante contra minha falta de saciedade. O que quase me fez mudar de atitude. Jamais esquecerei seu sabor, parecia gostar dessa sensação instintiva, não sei se era minha ou dele.Se perdendo no desconhecido, todo seu saber se esvaindo gota após gota. Nunca o esquecerei.

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