8/21/2007

REPELENTE DIVINO
Fetichismo x Vampirismo

Por Shirlei Massapust

By becoming a monster, one learns what it is to be human.
Mark Rein•Hagen.

Quando Anne Rice publicou seu primeiro romance das crônicas vampirescas, em 1976, certas características onipresentes nos meios literário e cinematográfico já persistiam por tanto tempo que acabaram absorvidas pelo folclore e tradição popular. Havia quem acreditasse naquilo e, conseqüentemente, quem desmentisse fervorosamente estes crédulos. Mas a natureza capitalista da cultura norte-americana tem horror ao eterno e, portanto, exigia reformas urgentes que cumularam na criação do ‘vampiro descartável’. Ou seja, para atender à incessante demanda por novidades e lucrar conforme as regras do mercado, todo escritor ou cineasta deveria inovar ou, ao menos, ridicularizar o passado para desvincular-se dele. Durante a década de 40 os filmes de vampiros passaram por tempos difíceis; é nesse período que os filmes de horror passam a ser salpicados de humor. Num primeiro momento, o cômico é dado pelas figuras grotescas, pelo bizarro, mas já nos anos 50 nota-se uma alteração no gênero que desemboca na sátira, onde o horrível é apresentado com zombarias e através de paródias. “Aquilo que causou horror a uma geração passou a ser risível na geração seguinte”.1 O conde Drácula e demais monstros tornaram-se familiares e acabaram sendo os principais alvos da sátira.
Por conta disso Anne Rice radicalizou investindo num amplo leque de capacidades inéditas para justificar a natureza sobre-humana do vampiro pós-moderno e endossou a vulnerabilidade à luz solar criada por Murnau ao mesmo tempo em que descartou os demais tópicos da tradição de sua época a exemplo da aversão a cruzes, morte pela estaca no coração, e a sublimação seguida de re-sublimação do corpo do vampiro para atravessar pequenas frestas, como buracos de fechadura. Tudo é classificado pejorativamente como nosense, bullshit2; termos propriamente traduzidos por Clarice Lispector como “absurdo”, “idiotice”, “burrice”.3 Na famosa adaptação cinematográfica de Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire, 1994), o belo vampiro Louis (Brad Pitt) acresce que tudo não passa de “histórias de um inglês louco”, ignorante do fato de que, embora tenha passado parte da vida em Londres, o escritor Bram Stoker (1847-1912) era de fato irlandês.
Felizmente nem todos negam por negar, sem dar nenhuma justificativa inteligente para aquilo que adota ou rejeita. Por exemplo, para reduzir a vulnerabilidade do vampiro contra miudezas que tornariam seu RPG inviável, Mark Rein•Hagen sugere que um fetiche, como alho e cruzes, não produz nenhum efeito por si só mas a fé absoluta nestes objetos fa-los-ía funcionar como canalizados de energia psíquica.

Crucifixos, água benta e outros símbolos religiosos devem ser ignorados — a Igreja sempre foi o primeiro refúgio dos mortais confrontados com coisas que lhes ultrapassam a compreensão — especialmente no passado. Contudo, cheguei a presaenciar algumas raras ocasiões nas quais tais objetos foram capazes de causar um desconforto considerável. Nesses casos, seus portadores quase refulgiam de fé na Divindade, o que me leva a concluir que os objetos religiosos serviam de algum modo para canalizar o poder dessa fé. Ignores, todavia, os ardis do cinema, com seus candelabros cruzados e sombras de pás de moinhos.
As pretensas propriedades do alho, assim como do acônito e de outras ervas são, da mesma forma, mera superstição. Esses vegetais repelem os vampiros tanto quanto o fazem com a maioria dos mortais, a despeito da cantilena das mulheres que os vendiam. Como a Igreja, as curandeiras de aldeia era muito requisitadas para usar sua “magia” contra vampiros, obtendo os mesmos resultados pífios.4

Mark Rein•Hagen foi autor de uma das maiores reformas no conceito de vampiro já produzidas. Porém, a necessidade de conjugar a fé ao uso de símbolos religiosos já vinha sendo discutida anos antes da publicação de Vampire Masquerdade, em 1992. Outra vertente assinala que o poder dos fetiches sobre os vampiros ou seus servos seria “um fenômeno puramente neurótico, devido a acreditarem que essas coisas possam feri-los”.5 É exatamente isto que ocorre na comédia A Dança dos Vampiros (The fearless vampire killers, ou Pardon me but your teeth are in my neck, USA 1967), de Roman Polanski, onde um judeu se torna vampiro e não é afugentado pela cruz. Então, em seu lugar, o caçador utiliza eficazmente a estrela de Davi.
No próprio romance de Bram Stoker, lemos que o protestante Jonathan Haker tinha ojeriza pelos símbolos católicos, mas aceitou um presente – um crucifixo – de uma bondosa aldeã apenas para que ela parasse de insistir que o levasse. Portanto, presume-se que Drácula só “respeita e se mantém distante” do fetiche empunhado por um incrédulo porque em vida o próprio conde fora católico.6 Então temos uma curiosa situação onde um símbolo religioso desagrada ao humano e impressiona o vampiro que, por reprovar a si mesmo, é repelido não pela coisa, mas pela vergonha de pecar diante daquilo que lhe é sagrado.
Agora quem quer que conheça o costume religioso da velha nobreza austro-húngara, estendido a seus subordinados e dependentes, entenderá porque o Conde Drácula (que não deve ser confundido com sua fonte de inspiração, o Drácula histórico) temia o alho e uma infinidade de outras superstições. Eles davam muito valor à alquimia e às fórmulas mágicas do povo. Talvez mais do que o próprio povo.


O homem transformado em incenso

José Luiz Aidar e Márcia Maciel forneceram duas versões para a popularização do alho na tradição. Na verdade, uma delas se destina afastar humanos desagradáveis: “O alho poderia ter passado à história em função da estratégia das mães, que obrigavam as meninas a mastigarem-no para ficarem com mau hálito”.7 Isso certamente teria esfriado o ânimo de um ávido vampiro por equiparação, Giacomo Casanova. Em sua auto-biografia o célebre charlatão conta porque se afastou de uma vítima:

Apesar de tudo, havia nele um não sei que de atraente que cativou dede logo a minha afeição e teria gostado de entreter-me mais longamente com ele, se o ativo cheiro de alho a exalar de sua boca não me mantivesse sempre à distância. Todos aqueles albaneses tinham os bolsos continuamente cheios de alho. Um simples dente desse tempero, para eles, era como um confeito para nós outros. E ainda há quem creia que o alho seja veneno!8

Certos povos chegaram a designar a planta como “rosa fétida”, devido ao seu odor forte e picante proporcionado pela essência de alho ou dialil sulfito (C3H5)2S. Quando consumido em quantidades elevadas, esse odor pode tornar-se evidente no suor de quem o ingeriu transformando a pessoa num repelente para olfatos sensíveis e, magicamente, numa espécie de incenso vivo. Porém, em Drácula o Dr. Van Helsing assegura a Lucy que suas plantas medicinais não seriam “transformadas numa repugnante infusão e tampouco numa simples beberagem”.9 Ou seja, embora a boca dos mortos fosse enchida de flores não havia necessidade da vitima viva, ou de qualquer outra pessoa, mastigar alho cru em quantidade para proteger-se, como vemos no filme A Dança dos Vampiros, etc. Em verdade, o ‘alho’ mencionado no romance sequer é a planta que conhecemos vulgarmente pelo mesmo nome. Antes de aferrolhar as janelas da casa de Lucy, prender flores e esfregar este “alho muito especial” por todas as passagens de ar, Van Helsing lhe instrui:

Estas flores realmente são dotadas de um alto teor medicinal, mas a senhorita nem sequer desconfia como atuarão. Coloco-as em sua janela, tranço com elas um leve colar e o ponho em torno do seu pescoço, para que a senhorita possa dormir sem sobressalto. Oh, sim! Elas se assemelham bastante com as flores de lótus. Serão elas que a farão esquecer os seus tormentos. Elas nos impregnam com seu suave odor das águas de Leth, odor este haurido das cristalinas e eternas fontes da juventude que os audazes conquistadores tanto procuraram descobrir nas inexploradas terras da Flórida e só tão tarde localizaram.10

No décimo terceiro capítulo Van Helsing revela que a planta com propriedades mágicas para afastar vampiros é o wild garlic (chamado em botânica de Allium ursinum), mas muito antes desta frase relâmpago a paciente Lucy faz tremendo estardalhaço contra a presença das plantas em sua casa, as quais chama enganosamente de alho-ordinário (Allium sativum). Por isto a memória do episódio mais marcante prevaleceu na tradição e todos os filmes e adaptações subsequentes trouxeram bulbos de Allium sativum trançados em réstias no lugar das flôres de Allium ursinum. A exceção é o Drácula de 1931, onde o conde interpretado por Bela Lugosi demonstra asco e surpresa diante de outra planta medicinal, a sinforina (Symphoricarpus racemosus).



Flôres de Allium ursinum; planta usada por Van Helsing para repelir vampiros.

No filme Garotos Perdidos (Lost Boys, 1987) um vampiro ignorante de que, além de alho picado, uma banheira continha generosa quantidade de água benta, ri de seus tolos rivais e revela que “alho não adianta”. Morreu dissolvido por conta da água. Em A Hora do Espanto II (Fright Night II, 1988) os símbolos sagrados funcionam por si só. Porém, Regine Dandridge (Julie Carmen) se aproxima do velho caça-vampiros Peter Vincent (Roddy McDowall), o qual lhe impunha uma cruz, informando que ao longo dos séculos os vampiros adquiriram maior tolerância contra estes artifícios. O brasileiro Antônio Calmon se inspirou nestas duas fontes para sua novela VAMP, explicou a primeira pela segunda, e teceu uma teoria própria: Como os vampiros adquiriram imunidade ao pequeno Allium sativum tornou-se necessário confeccionar réstias de Allium cepa, ou seja, cebola. (Fora do campo da ficção, na ocasião do rebuliço pela expectativa de ressurreição de Sarah Ellen anunciada para em 9 de julho de 1993, os habitantes de Pisco, no Peru, também preferiram o alho-macho ou Allium porrum pelo seu grande tamanho). Como a trilogia Blade (1998), Blade II (2002) e Blade: Trinity (2004) deu mais importância ao grau de contato com o condimento do que ao tamanho do bulbo, o extrato de alho injetado diretamente na veia de pacientes infectados foi usado como vacina contra o vampirismo.


Orações, esconjuros e oblação parta a dissolução do duplo.

Vemos em Aulus Persius Flaccus (Satyr. V) que morder alho afasta as magias ou os malefícios lançados pelos deuses àqueles que não os reverenciam.11 No catolicismo o caráter sagrado de raízes bulbosas se limita à reverência ao alho-poró (Allium porrum), que está ligado ao Rei Davi, sendo honrado pelos galeses. Porém, todas as plantas aparentadas desfrutam de grande prestígio no campo da baixa magia. O jornalista de ascendência cigana Nelson Liano Júnior, co-autor do Manual Prático do Vampirismo, sugere que “convém ministrar ao paciente chás de alho e queimar incenso de sândado e pau-d’alho na casa inteira” quando alguém apresenta claros sintomas de vampirismo. Deve-se ainda recitar a seguinte oração antes de dormir:

Eu o renego, anjo mau, que com sua sede de sangue tenta me contaminar com a imortalidade dos infernos. Afaste-se de mim, em nome do Criador, pois minha alma quer trilhar os caminhos iluminados por Deus. Você me fez padecer, mas, com a ajuda do Onipotente, eu o esconjuro. Volte às trevas, por todos os tempos e tempos, e nunca mais toque meu espírito com suas artimanhas de sedução. Amém.12

O maior temor dos ciganos dirige-se aos Berufen ou “encantados”, ou sujeitos aos olhos do mal. Para combater esse problema enche-se uma jarra com água de alguma correnteza, que deve ser recolhida na mesma direção em que corre e não contra ela. Colocam-se dentro da Jarra sete pedaços de carvão, sete punhados de farinha e sete dentes de alho, colocando-se, a seguir, a jarra no fogo. Quando a água começar a ferver, deve-se mexer a infusão com um ramo de três pontas, enquanto a sábia repete:

Miseç’ yakhá tut dikhen,
Te yonkáthe mudáren!
Te átunci eitá coká
Te çaven miseçe yakháj
Miseç’ yakhá tut dikhen,
Te yon káthe mudáren!
But práhestár e yakhá
Atunci kores th’ávená;
Miseç’ yakhá tut dikhen,
Te yon káthe mudáren!
Pçãbuvená pçábuvená
Andre develeskero yakhá!
branco
Que os olhos maus olhem para ti,
Que sejam extintos ali!
E em seguida, que sete corvos
Arranquem os olhos maus;
Que os olhos maus (agora) olhem para ti,
E que sejam extintos ali!
Que muita poeira caia nesses olhos,
Até que se tornem cegos,
Que os olhos maus olhem agora para ti;
E que sejam extintos ali!
Que ardam, que ardam
No fogo de Deus!

Segundo Charles Godfrey, os “sete corvos” devem provavelmente estar representados pelos sete pedaços de carvão, enquanto o ramo de três pontas, a farinha e o alho simbolizam os raios. “O ramo pode representar o triçula ou tridente de Siva – de onde possivelmente tenha vindo a palavra trushul, que significa cruz”.13 Outra oração é recitada quando uma mãe cigana sente dificuldade em amamentar seja pela falta de leite ou pela pirraça do bebê que rejeita a nutrição. Em ambos os casos a culpa é atribuída à interferência de uma esposa-Pçuvus, tipo de espírito feminino da terra, que rouba o leite ou coloca secretamente seu próprio filho para sugá-lo. Neste caso é preciso por cebolas entre os seios das mães e recitar a seguinte fórmula mágica.14

Pçuvushi, Pçuvushi,
Ac tu náshtlályi
Tiro tçud ac yakhá,
Andre pçuv tu pçábuvá!
Thávdá, thávdá miro tçud,
Thávdá, thávdá, pamo tçud,
Thávdá, thávdá, sár kámáv, –
Mre cáveske bokhale!
branco
Espírito da Terra! Espírito da Terra!
Ficai doente.
Que vosso leite seja fogo!
Que queime a terra!
Flua, flua, meu leite!
Flua, flua, leite branco!
Flua, flua, como eu desejo
Para minha criança faminta!

Descobrimos, em diversas poções difundidas em vários locais, a crença de que o alho possui poder mágico de proteção contra o envenenamento e a bruxaria. Segundo Plínio, essa crença vem do fato de que, quando o alho fica pendurado ao ar livre durante um tempo, se torna preto, ocasião em que acreditam que atraiu todo o mal para si – e que, conseqüentemente, retira esse mal da pessoa que o estiver usando. Nossos antepassados acreditavam que a erva que Mercúrio deu para Ulisses se proteger contra o encantamento de Circe e que Homero chama de moly fosse o alium nigrum, sendo o veneno dele retirado narcótico poderoso. Entre os gregos modernos, existe a crença de que o alho seja o encantamento mais poderoso contra os maus espíritos, a magia e a desgraça. E, por esse motivo, carregam-no consigo e penduram-no em suas casas como proteção contra as tempestades e o mau tempo. Os marinheiros costumam carregar um saco de alho, para evitar o naufrágio. Às vezes o alho é apenas representado. Se alguém quiser proferir uma palavra de louvor com a intenção de causar fascínio ou atrair um mal grita bem alto ‘Alho!’ ou pronuncia a palavra três vezes rapidamente.15 E, segundo uma crença popular, a simples emissão da palavra ‘Alho!’ protege a pessoa contra o envenenamento”.16 Parece ser crença comum entre eles e os poloneses que essa palavra protege as crianças contra beschreien werden, ou seja, de serem banidas, negligenciadas ou portadoras de mau, olhado. Os poloneses costumam colocar alho sob o travesseiro das crianças, para protegê-las contra os demônios e as feiticeiras.17 Curiosamente, os ciganos afirmam que o raio deixe atrás de si odor semelhante ao do alho. Segundo José Luiz Aidar e Márcia Maciel, a aproximação engloba ainda o arsênio (As) que, aquecido, sublima-se a cerca de 450ºC, exalando odor semelhante ao do alho.

Há quem diga que o poder do alho é fictício: O verdadeiro espanta-vampiros seria o arsênio – que, volatizado, espalha um forte odor de alho, pois este sim, quando defumado, transportaria compostos capazes de corroer elementos fluidos, dissolvendo assim as materializações do duplo. O arsênio volatizado funcionaria como uma espécie de incenso que, com seus fumos, caçaria os maus espíritos.18

As virtudes mágicas do alho não se limitam aos casos onde se faz necessário afastar mau-olhado, sacis e vampiros. Numa curiosa obra italiana, intitulada Il Libro del Comando, falsamente atribuída a Comelius Agrippa, lê-se a seguinte receita para promover o amor:

Segredto magico d’indovinare, colle cipole, la salute d’una persona lontana. (Segredo mágico para informar o estado de saúde a uma pessoa distante), Na véspera de Natal, junte algumas cebolas, colocando-as em um altar, escrevendo sob cada uma delas o nome das pessoas sobre quem quer ser informado, ancorche non scrivano, mesmo que elas não lhe escrevam. A cebola (plantada) que brotar primeiro anunciará que a pessoa, cujo nome está sob a mesma, se encontra bem. Dessa mesma maneira, podemos saber o nome do marido ou da esposa que devemos escolher, sendo que essa adivinhação ainda vem sendo usada em vários cantões da Alemanha.19

Há forte ligação desse encantamento com o sortilégio de uma cigana inglesa:

Tome uma cebola, uma tulipa ou qualquer outra raiz do mesmo aspecto (uma raiz bulbosa, então?) e plante-a em um vaso limpo que nunca tenha sido usado; enquanto estiver plantando, repita o nome de seu amado, fazendo o mesmo procedimento diariamente:

Enquanto esta raiz cresce,
E quando florescer,
Que o coração dele
Vire-se para mim!

E com este procedimento repetido diariamente, a pessoa que você ama estará cada vez mais inclinada para você, até que conquiste o desejo de seu coração.20

Quanto ao uso do carvão nas encantações, Marcellus Burdigalensis, físico latino do século III, que nos deixou uma coleção de sortilégios latinos e gálicos, recomenda-o para a cura da dor de dentes: “Salis granum, panis micam, carbonem mortuum in phoenicio alligabis”, ou seja, carregar um grão de sal, uma migalha de pão e um pedaço de carvão em uma bolsa vermelha. Quando o caldo feiticeiro feito com carvões, alho e farinha é preparado, deixando-se ferver até que seque, restando somente um resíduo, este deve ser colocado em uma saca de três cantos e pendurado ao pescoço de uma criança; quando estiver fazendo isso, repetir nove vezes o verso apropriado. “E é muito importante que a sacola seja feita com um pedaço de linho, que deve ser roubado, encontrado ou pedido”.21

8/14/2007

ESTES SÃO ALGUNS LIVROS PUBLICADOS DURANTE A HISTÓRIA SOBRE VAMPIROS

ESTES SÃO CLASSICOS NÃO APENAS PARA REALIZAR PRAZERES DE MAUS APRECIADORES DISSO QUE NÃO É APENAS UMPASSA TEMPO DE TERROR MAS UMA ARTE


Muitos autores escreveram sobre vampiros, entre eles Samuel Taylor Coleridge (Christabel, 1797/1800), Lord Byron (The Giaour, 1813), John Polidori (The Vampyre, 1919), E.T.A. Hoffmann (Aurelia, 1820), Nikolai Gogol (Viy, 1836), Théophile Gautier (La Morte amoureuse, 1843), Alexei Tolstoy (The Family of the Vourdalak, 1843), Alexandre Dumas (The Pale-faced Lady, 1848), Richard Burton (Vikram and the Vampire, 1870), Sheridan Le Fanu (Carmilla, 1872), Fergus Hume (A Creature of the Night, 1891), H. G. Wells (The Flowering of the Strange Orchild, 1894), Mary Elizabeth Braddon (Good Lady Ducayne, 1896), Algernon Blackwood (The Transfer, 1907), Sir Arthur Conan Doyle (The Adventure of the Sussex Vampire, 1924), Edith Wharton (Bewitched, 1927) e Robert E. Howard (The Moon of Skulls, 1930).

The Vampyre de John Polidori é geralmente considerado o progenitor da literatura com vampiros. O conto foi escrito em Genebra, por ocasião de uma competição de contos de terror sugerida por Lord Byron. Nessa mesma altura Mary Shelley escreveu Frankenstein. O livro de Polidori teve uma enorme influência em Bram Stoker.

Conde

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(Redirecionado de Condessa)
Nota: Para outros significados de Conde, ver Conde (desambiguação).

Conde, do latim comes, comitis, que significa «companheiro», é o senhor feudal, tenente de terras denominadas condados. Inicialmente era um título militar do baixo império romano, associado aautoridade militar e civil, que, mais tarde, passou aos bárbaros, assim designando seus principais colaboradores e seus representantes.


Gama Barros afirma que, a partir de meados do século XII, os condes leoneses eram nomeados pelos monarcas. No início da Terra Portuguesa, o título não foi usado pois competia ao rico-homem, as funções públicas do antigo conde leonês. Verifica-se que a partir do século XIV o título foi usado com mais frequência, mas como grau de nobreza, sem que por isso lhe estivesse adstrito o exercício de função pública.

Integrou-se na hierarquia dos graus de nobreza: arquiduque, grão-duque, duque, marquês, conde, visconde, barão e baronete.

Qual a diferença entre os títulos da nobreza?

(Orlando Rogério de Souza, São Paulo, SP)

Os cinco principais títulos de nobreza formam uma escadinha hierárquica que obedece à seguinte ordem, a começar do mais poderoso: duque, marquês, conde, visconde e barão. Na Idade Média, cada um desses fidalgos recebia do rei um pedaço de terra onde eles mandavam e desmandavam, ajudando na administração do reino. "Os nobres tinham autoridade jurídica e militar sobre o território concedido pelo monarca. Entre outras coisas, eles cobravam impostos, cuidavam das fronteiras e recrutavam exércitos para o reino", diz o historiador Celso Silva Fonseca, da Universidade de Brasília. Quanto mais alta a honraria, mais terra o nobre ganhava, e mais poder ele era autorizado a exercer. Os títulos surgiram no século 5, quando a Europa foi retalhada em vários pequenos reinos. Dentro desses impérios, os nobres formavam uma elite de parentes ou súditos que ajudavam o rei na conquista de novas terras. A partir do século 9, os títulos se tornaram hereditários, passando de pai para filho. No Brasil, essas designações da fidalguia aportaram no século 19. No total, 1 211 títulos de nobreza foram distribuídos por aqui. Mas com uma diferença importante: eles não eram transmitidos de pai para filho. Se o herdeiro de um nobre quisesse ter direito à mesma honraria, teria de pagar ao governo. Um título de duque, por exemplo, custava três vezes mais que um de barão. Com a proclamação da República, em 1889, todos os ícones dos tempos de monarquia foram banidos pelos militares, incluindo os títulos de nobreza. Hoje, essas condecorações não valem nada. Mas, na Inglaterra e em outras monarquias européias, ser barão ou conde ainda garante certo prestígio social.

AMIGOS DO REI
Na Idade Média, o monarca dava terras e autoridade aos súditos mais poderosos

DUQUE
Depois do rei, era o nobre mais poderoso, recebendo grandes extensões de terra para administrar. Os primeiros duques vieram do Império Romano, onde os comandantes militares eram agraciados com o nome de dux ("aquele que conduz", em latim). Seguindo a tradição, países como Espanha e Portugal davam o título a seus maiores generais

MARQUÊS
Abaixo do duque na hierarquia da nobreza, o marquês governava os marquesados, áreas do tamanho dos estados atuais. Alguns tomavam conta dos territórios reais localizados em fronteiras, lutando para evitar invasões. A origem do nome deixa clara essa função: em latim, marchensis significa "o que fiscaliza as marcas"

CONDE
Assessorando o rei num monte assuntos, do recolhimento de impostos aos combates militares, o conde era tão importante no dia-a-dia dos reinos que tinha até um substituto para suas ausências, o visconde.
O conde também administrava os condados, área menor que os marquesados. O título vem do latim comes, "aquele que acompanha"

VISCONDE
Era o substituto do conde — em latim, vicecomes significava vice-conde.
Esse título de nobreza, assim como o de barão, surgiu bem mais tarde, apenas durante o século 10. Em termos administrativos, os viscondes podiam dirigir pequenos territórios, do tamanho de vilas

BARÃO
Mais um título criado com o feudalismo já em decadência. A honraria era concedida a súditos fiéis dos reis, geralmente homens ricos. As terras governadas pelos barões eram ainda menores, do tamanho de fazendas ou sítios. Em sua origem germânica, a palavra barão significa "homem livre"

Consultoria: Regina Dantas, historiadora do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)


KRIJANOWSKI, Wera. Romance de uma Rainha. Vol II. Trd. Almerindo Martins de Castro. Rio de Janeiro, FEB, 1953, p 312.
Saudações

Não tenho o livro completo. Ao contrário do que pensa o vulgo, o vampirismo clássico europeu – descrito e adotado pela Teosofia entre outros círculos de origem espírita – nem sempre foi estranho ao sistema da FEB. Ele é apenas uma parte subterrânea da doutrina, muito pouco divulgada. A prova disso é a tradução do livro Romance de uma Rainha (La reine Hotasou), ditado pelo espírito J. W. Rochester à médium Wera Krijanowski, editado e reeditado pela FEB desde 1953. A obra é concluída no sexto capítulo do segundo volume, intitulado justamente “O Vampiro”. O sacerdote egípcio Heremseb havia “abusado do sangue humano” para obter controle sobre seus instintos, mas “o veneno com o qual voluntariamente mergulhara em letargia tinha impedido a ruptura dos laços do perispírito, e, por todas estas circunstâncias reunidas tornara-se vampiro”.[1] A explicação do fenômeno dada pelo autor (o espírito) diz o seguinte:










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O que vou escrever provocará na maior parte dos meus leitores, um sorriso irônico, aqueles que desejam apenas o enredo do romance passarão sem ler, por essa dissertação: sei isso, porque falar seriamente em vampirismo, em nossa época positiva, não é fácil tarefa. A ciência oficial, que apenas quer conhecer o que o bisturi pode sondar, nega a existência dos vampiros, e os fatos indiscutíveis ocorridos em diferentes países, têm sido vituperados, negados ou silenciados, e bem assim outros fenômenos não menos positivos, os quais apesar disso, se impõem pouco a pouco, á atenção dos sábios, porque o fato é um argumento brutal que não se pode eternamente suprimir.

Dito isto, creio do meu dever explicar o melhor que possa, aos meus leitores espíritas, o fenômeno do vampirismo, pouco aprofundado ainda, se bem que sendo um fato natural sempre existiu, tanto na época de Hatasu quanto nos tempos modernos.

Que o corpo evolui, se transforma e progride, e bem assim a alma, é fato conhecido. Nas diversas condições dos três reinos, e enfim, na humanidade, a alma desenvolve-se e progride, o perispírito, seu inseparável companheiro, adapta-se ás diversas condições, conservando- se fielmente em si, até ás mais finas nuanças, a marca de todas as transformações sofridas. Na composição química do perispírito são encontradas todas as substâncias, o reflexo de todos os instintos, qualidades e pendores do ser durante as inúmeras existências e transformações através do mineral, do vegetal, e do animal e enfim do homem, o ser mais perfeito conhecido sobre a Terra. O átomo indestrutível lançado pela força criadora no turbilhão do Espaço, e representando apenas um princípio vital, reveste-se imediatamente de um DUPLO etéreo, intermediário entre a centelha divina e a parte material – o corpo. Esse intermediário é o agente principal que põe em vibração as funções da alma, isto é, a vida da alma produz-se pela vida material sobre esse tecido (invisível para nós) constituído por milhares de fios luminosos de indescritível tenuidade.

De igual modo que nas células da cera se condensa o mel, assim sobre o perispírito condensam-se os elementos e suas substâncias compostas. “Alma vestida de ar”, disse um grande sábio e poeta gentil, para indicar a composição do nosso corpo, o qual, desde que o Espírito dele se desprende, é presa da podridão e se decompõe em seus elementos primitivos. Uma regra sem exceção, estipula que depois da alma vem o perispírito, depois do perispírito o corpo, isto é, as substâncias que podem , de acordo com imutável lei, aglomerar-se sobre o tecido fluídico.

Assim, o perispírito de um molusco só pode atrair na sua condensação material, substâncias gelatinosas, e somente pelo trabalho da vida o ser adquire e se apropria de novas forças de calor elétrico, as quais, em próxima condensação, tornarão o perispírito do molusco de outrora apto a formar um corpo mais perfeito.

Falei no calor, esse grande agente universal de toda a vida, ao qual quase se podia dar o nome de Deus, tão potente é sua ação, e com o qual se depara em toda parte para onde se voltam os olhares. Em toda parte, efetivamente, onde o cérebro do sábio esquadrinha, ele encontra o calor, a fonte da vida: está posto nas entranhas da Terra e encoberto nas nuvens. O calor funde toda matéria, amalgama, solda de maneira indestrutível; o calor une a alma á matéria e dela a separa; esse elo é o traço luminoso visível pelos sonâmbulos clarividentes.

O grande calor queima tanto quanto o fogo e o frio intenso produz a mesma sensação de queimadura; quanto mais calor existe na cratera perispiritual, mais desenvolvidos a alma e o corpo. Tudo que é pesado, preguiçoso, carece de calor e pertence a um grau inferior de desenvolvimento; todo ser e mesmo todo planeta, mais trabalhado pelo calor vivificante, distingue-se por um grau superior de atividade e desenvolvimento intelectual. Enfim, a perfeição não se resume, em si, apenas na concepção de que o Espírito, desembaraçado de toda substância material, torna a ser fagulha pura e regressa ao foco de onde saiu, cego, para a ele tonar, inteligente, e servir ao Criador, que se separa de nós, porém jamais rompe o elo que nos liga á Ele, e que, através de todos os sofrimentos e vicissitudes da depuração, deve conduzir-nos cedo ou tarde, a esse centro divino.

Essa longa viagem, através dos três reinos, deixa profundos sinais nos gostos, necessidades e instintos do homem, ser imperfeito, ainda bem próximo dessa animalidade que ele, no entanto, despreza, a ponto de lhe negar uma alma, uma inteligência, um direito á sua proteção. É que o orgulho de possuir uma vontade menos restrita, um mais largo horizonte, mais amplitude para os vícios, sobe ao cérebro do homem e lhe faz esquecer que ele apenas subiu um degrau na escala social da Criação, que ele foi o que são agora esses irmãos inferiores [...].

Voltando ao assunto que especialmente nos ocupa, lembrarei ao leitor a existência de uma animal chamado VAMPIRO, que preferindo a noite ao dia, se atira ás vacas, cavalos e também aos homens, se os pode atingir, e lhes suga o sangue.

Tendo em vista a tenacidade com que os instintos do animal se conservam no homem, este hábito, esta necessidade de sangue, permanece em estado latente na criatura, e se a educação, as circunstâncias, a compreensão do mal não levarem o homem a dominar o instinto sanguinário, que ainda vibra em seu perispírito, a necessidade bestial desponta e cria seres do gênero dos sugadores de sangue da Índia, os quais são muito conhecidos, para que se possa negar a sua existência. Mas, ninguém tem procurado aprofundar o que pôde inspirar a essa seita o rito selvagem que ela acoberta com um motivo religioso, quando tal origem tem raiz em um estado particular do perispírito, adquirido pelo ser em suas existências vegetais e animais.

Em conseqüência de diferentes causas, tais o terror, comoção moral, certo veneno, asfixia, semelhantes seres caem em um estado particular de letargia, com todas as aparências da morte, e são enterradas como se houvessem falecido. Um despertar em condições normais não se produz para essas entidades especiais, e a mor parte perece; mas, ás vezes, em condições favoráveis, tais cadáveres aparentes aguardam apenas o clarão da Lua para despertar, sob influência da sua luz, para uma sinistra atividade. Todos aqueles cujo perispírito conserva alguma disposição ao vampirismo são lunáticos, e muitas vezes sonâmbulos videntes; sob a potente influência da luz lunar, excepcional estado produz-se neles, mistura de lunatismo e de sonambulismo vidente, mas em grau bem mais extenso e mais elevado.

Todos os sentido desses estranhos letárgicos são de uma acuidade extraordinária: ouvem, vêem, farejam a distâncias consideráveis, e porque o corpo, ainda preso ao perispírito, age numa certa medida e a intervalos mais ou menos longos, tem necessidade de se reabastecer, o vampiro entrega-se á pesquisa de uma vitima humana, cujo sangue quente, sobrecarregado de fluído vital, dar-lhe á a nutrição indispensável ás condições de existência e ao mesmo tempo satisfará os velhos apetites.

O ataúde e as paredes não servem desgraçadamente de obstáculo para esse fantasma horrendo e perigoso, porque para ele a Lua é um auxiliar: ela absorve o peso do corpo e o desmaterializa até um grau de expansão que permite ao vampiro atravessar portas, muros e outras coisas compactas.

Meus leitores espíritas sabem, e numerosas sessões já provaram á evidência, que a passagem da matéria através da matéria é um fato: os transportes de frutas, de flores, de diversos objetos, e mesmo de animais, não são raros, e isso em todas as condições de fiscalização desejáveis. Mas, porque o elo indissolúvel liga os três reinos e o homem, também uma lei rege os fenômenos: o que é possível para a flor, o fruto ou o metal, é possível igualmente para o homem, e, nas condições desejadas, pode o seu corpo, tão bem como uma laranja ou uma charuteira atravessar, paredes.

Deixando, pois, o lugar onde está sepultado, o vampiro se dirige, com infalível precisão, aonde está a vítima escolhida, da qual, graças aos aguçados sentidos, identifica, a distância, a idade, o sexo e a constituição; jamais atacará velhos ou enfermos (salvo a escassez absoluta de jovens e sãos). Chegado junto da presa, o vampiro se abate sobre ela, fascinando-a com o olhar, e preferencialmente procura atingir o coração, para sugar o sangue na fonte; mas, se a vítima está vestida, desvia-se para o pescoço, quase sempre descoberto, abre a artéria e sorve todo o sangue, a menos que seja impedido. Mas, se percebe aproximação de um vivo, foge na direção de onde veio. Guiando-se e servindo do mesmo rastilho de luz, regressa ao lugar de onde saiu, tal qual o lunático retorna infalivelmente ao leito, se por nada for impedido. Então, se está suficientemente saciado, recai na imobilidade por um tempo mais ou menos longo, até que em uma noite de plenilúnio, recomece a homicida peregrinação.

Os vampiros femininos são mais raros que os masculinos, porque seus organismos, menos robustos, sucumbem mais freqüentemente; os vampiros homens escolhem de preferência para vítimas mulheres e crianças. Nos casos em que tais seres têm sido identificados, o instinto popular inspirou a idéia de desenterrar o morto incriminado e cortar-lhe a cabeça, ou espetar o inferior do corpo com um ferro em brasa. O processo é selvagem, igual á todo ato inspirado por paixões desenfreadas, mas, em princípio, atinge a meta, porque, uma vez avariado o corpo de modo irremediável, os laços que o prendiam são destruídos, a letargia cessa, e a alma, e assim o corpo, retomam as condições ordinárias. Se a violência não interrompe o estado letárgico, este pode prolongar-se por muito tempo, e o vampiro vegetará nessas condições até que um acidente qualquer venha a destruí-lo.

Nos países frios, o vampirismo ocorre muito raramente; nos mais aproximados do Equador, na Índia principalmente, tem sua verdadeira pátria, terra misteriosa e estranha da qual muito pouco se sondam os enigmas. Quem suspeita por exemplo, de que existam por ali muitos vivos que se alimentam, quase exclusivamente, da força vital dos seres que subjugaram e dos quais toda existência se escoa num êxtase embrutecido, dos quais todas as funções vitais e intelectuais são suspensas, porque um outro se nutre da força que as devia sustentar? Esses pobre entes são olhados com espanto e desdém, alvos de motejos, mas ninguém desconfia que sejam as vítimas dum vampirismo cultivado por uma categoria de homens, sábios, aliás.

Em todas as direções, o homem esbarra com mistérios, em meios dos quais peregrina, cego; toda a nossa existência é uma luta durante a qual buscamos nas trevas, o porquê do passado, do presente e do porvir, e, entretanto, repelimos obstinadamente, a chave do enigma que se nos oferece sob a forma de diversos fenômenos inexplicados.

Somente quando a muito orgulhosa Ciência de afastar do seu obstinado non possumus, quando abordar francamente o estudo das misteriosas forças da alma, das quais o magnetismo, a mediunidade, o hipnotismo são mínima parte, quando se desvendarem pouco a pouco, as ocultas leis que regem o Universo, tudo se tornará claro, não haverá mais milagres, nem feitiçarias, e sim leis naturais e fatos delas decorrentes.

Antes de terminar esta nota sobre vampirismo, direi ainda algumas palavras sobre os vampiros inconscientes, não mui numerosos, porém menos raros do que estes últimos descritos. Sua origem é a mesma, mas, nestes, o instinto voraz, motivado pela composição do seu perispírito, manifesta-se inconscientemente, por um fluído acre e devorante que exalam, e absorve as forças vitais dos que o cercam e, por assim dizer, os devora. Tais seres, habitualmente são pequenos, secos, nervosos, de olhar penetrante, de atividade febril e incessante; em seu redor tudo se torna mesquinho, fraco, doentio, e apenas eles, vampiros, gozam saúde florescente; mas, não se lhes pode imputar o mal da destruição de seus próximos, pois a força de que fazem uso e inconsciente.

8/06/2007






É inegável a marcante presença do vampiro na cultura contemporânea. Oriunda do folclore europeu, sua figura adquiriu abrangência e popularidade sem precedentes na atualidade. Hoje, o vampiro habita os espaços mais inusitados: absorvido pela cultura de massa, pode ser encontrado em desenhos animados, histórias em quadrinhos, jogos de interpretação, filmes, novelas televisivas e até mesmo em brinquedos e guloseimas. Resta-nos questionar como se deu o processo pelo qual as sanguessugas acumularam tal fascinação do mundo moderno.

VOIVODE procura explorar as diversas facetas do fenômeno vampírico. Para tanto, respeita acima de tudo o vampirismo como fenômeno situado cultural e historicamente. O vampiro, apesar de suas origens lendárias, arraigadas na cultura popular do Leste Europeu e na própria tradição erudita do Ocidente, denota uma atração e um terror tipicamente modernos diante das ambigüidades da morte e da sexualidade. Mas por que as antigas lendas sobre essa criatura tenebrosa teriam abarcado nossa atenção a ponto de infestar todos os espaços da mídia?Quais são essas lendas?Qual é o papel da literatura e do cinema em sua difusão? Que angústias e prazeres da modernidade seriam expressos através dos mitos vampíricos?

Sem a desmedida ambição de esgotar o tema, os autores buscam refletir a respeito destas questões. Contudo, indo mais além, este projeto editorial também busca oferecer instrumentos para que os leitores possam elaborar um juízo independente a respeito do fenômeno. Com isso em mente, este livro contém um duplo viés. Por um lado introduz, resenha e analisa tópicos e textos relacionados ao tema. Na primeira parte da obra, um conjunto de ensaios enfoca o vampirismo sob uma ampla gama de perspectivas: da antropologia, psicologia, crítica literária, entre outras. Entretanto, esta obra não privilegia apenas estudos, mas também tem como preocupação fundamental apresentar ao público registros de manifestações culturais, fornecendo subsídios para pesquisas vindouras. Neste sentido, as duas seções seguintes incluem documentos históricos (situados entre os séculos XV e XX) e uma vasta seleção de obras de arte (textos literários completos, poemas, quadrinhos, ficção pulp), artefatos culturais que exemplificam o interesse pronunciado pelo assunto a partir do século XVIII. Além disso, a obra nos oferece uma seleção comentada de 100 filmes vampíricos, bem como amplas referências ao vampiro na arte e na literatura brasileira.

O resultado é uma publicação competente do ponto de vista acadêmico, mas que também se preocupa em proporcionar ao leitor horas de leitura prazerosa e (ou) angustiante; de preferência em plena madrugada, ouvindo ao longe os sons dos eternos filhos da noite…


Orlando Ferreira

Mestre em História (Unicamp) e Professor da Universidade Federal de Uberlândia.

Se Amor e Morte são irmãos, os Vampiros são os frutos bastardos de sua mescla. Instigados pelas implicações culturais das lendárias sanguessugas, oito autores se dedicaram a pesquisá-las a fundo: da mitologia às sub-culturas urbanas. O resultado é um abrangente panorama do vampirismo, que alia - à produção de material inédito - o resgate de raridades históricas e artísticas. Um farto banquete ao aficionado!

Artigos

• Um Retrato em Mosaico
Marco A.C. Moraes
• Raízes Judaicas do Vampirismo
Shirlei Massapust
• Vampirismo no Vodou Haitiano
Henrique Marques Samÿn
• Vampirismo Luso-Brasileiro
Shirlei Massapust
• Alicerces da Ficção Vampírica
Cid Vale Ferreira
Drácula e o Duplo
Cid Vale Ferreira
• O Erotismo do Vampiro
Marco A.C. Moraes
• Êxtases Vampíricos da Alma Expressionista
Henrique Marques Samÿn
• “Drácula Sugou Minha Carreira!”
Carlos Primati
• O Vampiro no Cinema Oriental
Carlos Thomaz Albornoz
• Vampirismo Psíquico
Laura Cánepa
• A Atual Sub-Cultura Vampírica
José Octavio Stevaux Galvão

Documentos

• Sobre o Cruel Tirano Voivode Draculya (1488)
Anônimo
• Decisão Final da Corte (1611)
Theodaz Szirmai de Szulyo
Visum et Repertum (1732)
Johannes Fluchinger
• Lettres Juives (1736)
Marquês d’Argens
Dissertazione sopra i Vampiri (1744)
Giuseppe Davanzati
Traité sur les Apparitions… (1746)
Augustin Calmet
• Vampiros e Brucolacos (1753)
Geronymo Feyjoò
• Magia Artificial (1759)
Pedro Norberto de Aucourt e Padilha
• Vampiros (1764)
Voltaire
• Vampiros e Carniçais (1871)
Anônimo
• A Superstição (1877)
Silveiras Nemo
• O Monstro de Dusseldorf (1930)
Anônimo
• Eu Gosto de Interpretar Drácula (1935)
Bela Lugosi

Encartes

• Vultos Sinistros e Sangrias na Poesia Brasileira
Silva Alvarenga, Pethion de Villar etc.
Octavio e Branca (1849)
João Cardoso de Menezes e Souza
• O Estrangeiro Vampiro (1897)
Gomes Leal
O Convidado de Drácula (1914)
Bram Stoker
• Como Se Faz uma Estória de Terror (1968)
Lucchetti-Rosso
Mulher Satânica (1970)
Rubens Francisco Lucchetti
• 100 Filmes de Vampiro
Carlos Primati





CHUVAS DIFERENTES





Soube que Enlil enfureceu-se contra mim, não ouso mais andar por sua terra, nem viver em sua cidade; irei ao Golfo para habitar com Ea, meu senhor. Mas sobre vós ele choverá em abundancia, peixes raros e ariscas aves silvestres, uma rica colheita da maré. Ao anoitecer, o cavaleiro da tempestade vos trará trigo na forma de torrentes. (Epopéia de Gilgamesh, séc. VII a.C.).







Um milagre muito natural

O inventor do dito popular “nem que chova canivete” era um homem prevenido porque a julgar pelo testemunho dos registros mais insólitos provindo dos quatro cantos do planeta nunca se sabe o que poderia cair em sua horta. Muitos atestam a precipitação de pedras, sementes, peixes, anfíbios, mamíferos, alienígenas, sangue, etc. Certa vez o depósito ligado ao banheiro de um avião superlotou e abriu durante o vôo, projetando tremenda chuva de excremento humano. Em maio de 2000 caíram duas “bolas de ferro” incandescentes na Cidade do Cabo, na África do Sul. A imprensa correu feliz para fotografar os artefatos manufaturados caídos do céu, mas perdeu o interesse ao descobrir que se tratava de lixo espacial, obediente à antiga máxima segundo a qual tudo que sobe tem que descer (EXTRA, 02/05/2000). Na década de 90 vi um coqueiro localizado em local elevado fazer chover uma pesada penca de cocos que rolaram atrás de pedestres apavorados até o fim da ladeira. Contudo, muitas vezes não sabemos ou não queremos ver de onde veio a ‘chuva’. A Bíblia menciona a queda matinal de alimento durante 40 anos sobre o povo judeu no deserto (Êxodo 16:35). Flávio Josefo (Ant., III, t. 5), entre outros, tratam da continuidade do fenômeno. Em 1483 uma testemunha ocular escreveu sobre estas “chuvas” ao decano de Maguncia Breitenbach, ao descrever sua peregrinação ao Sinai:

Em todos os vales que rodeiam o monte Sinai se encontra até em nossos dias o chamado “pão caído do céu” que os monges e os árabes coletam, conservam e vendem aos pelegrinos e estrangeiros que passam por aquele país... O referido pão cai pela montanha, ao amanhecer, como rocio ou orvalho, em gotas sobre a erva, pedras ou ramos das árvores. É doce como o mel, e adere aos dentes quando se mastiga. Dele adquirimos algumas porções.[1]

De acordo com o Códice Cremona (1558), o maná bíblico era obtido da secreção de Coccidae (protozoários, esporozoários, parasitas da planta Tamarix mannifera). Em verdade o maná produzido na natureza ainda “chove” em determinadas épocas do ano e é vendido como produto comercial, com o nome de manit. Porém, nenhum judeu ou cristão neste mundo deixará de considerar a narrativa bíblica como milagre. O jardineiro Roland Moody e sua esposa alegaram que, junto com a neve, caíram pelo menos vinte e cinco precipitações de sementes de agrião “cobertas de geléia”, mostarda, ervilha, milho e feijão em sua casa, num subúrbio de Southampton, a partir do dia 12 de fevereiro de 1979. O relato foi endossado pelos vizinhos Sr. e Sr.ª Gale, Sr. e Sr.ª Stockley e filhos residentes. Além de ter sido atingida de forma reincidente e persistente a Sr.ª Stockley alega, inclusive, que no ano anterior também caíram sementes de mostarda e agrião no jardim de sua casa. Ela telefonou para a polícia, que não conseguiu descobrir coisa alguma que pudesse provocar a chuva de sementes. Finalmente, os vizinhos decidiram juntá-las e planta-las. “Colhi quatro baldes cheios de mostarda e agrião”, diz a Sr.ª Moody. “O feijão cresceu, a ervilha cresceu, tudo cresceu”.[2] O Sr. e a Sr.ª Stockley guardaram parte da safra celestial no freezer para provar que tudo isso aconteceu. Imagino que essas mudas divinas devam ter vendido maravilhosamente bem; porém, estranhamente, as sementes só caíram sobre as três casas na rua, e nem uma única sequer na pista em frente.

Não havia árvores na rua e não era época de avelãs durante a experiência sofrida pelo Sr. Alfred Wilson Osborne em 13 de março de 1977, mas “ainda assim”, lembra o Sr. Osborne, as que choveram ao seu redor “eram muito frescas, doces e gostosas”. Ele e sua esposa estavam voltando da igreja para sua casa em Bristol quando testemunharam o que ele considera “a coisa mais espantosa do mundo”. Ambos passavam pela vitrine de uma loja de automóveis quando choveu de 350 a 450 avelãs de um céu “praticamente limpo e azul, com uma única nuvem passando”. Elas “zuniam quando caíam sobre os carros”. Três minutos depois um amigo dos Osborne recebeu um “banho” de avelãs ao passar pelo mesmo local.[3] Nenhum deles suspeitou de alguma criança ou inimigo oculto sob o telhado da loja de automóveis. Segundo o Symons Monthly Meteorological Magazine, em Dublin, no ano 1867, caiu uma chuva de avelãs fossilizadas com tal força que “mesmo a polícia, protegida por chapéus especialmente reforçados, foi obrigada a abrigar-se da fuzilaria aérea!”.[4]

Presentes do furacão

Há casos em que a chuva não escolhe alvos privilegiados. Na novela Fera Ferida o alquimista Raimundo Flamel (Edson Celulari) faz chover ouro em pó sobre sua cidade e na música It’s Raining Men, do grupo The Weather Girs, toda mulher solteira pode ir às ruas escolher seu homem perfeito em meio à intempérie humana. Mas em matéria de não-ficção nem sempre o que cai do céu é valorado de forma positiva. Há relatos de chuvas de rãs e sapos, anfíbios estigmatizados pela famosa “praga das rãs” (Êxodo 8:1-5) lançada contra o Egito (cuja deusa-rã Heqt foi incapaz de impedir).[5] Por exemplo, em O Livro dos Danados, Charles Fort reuniu numerosos relatos de chuvas diferentes como o caso do Sr. Stoker que dirigia pelo Newark Valley quando “caiu uma tempestade e, com ela, vieram as rãs. Depois foram cavalos, apoiados em suas patas traseiras”. Em suas Histórias, o filósofo grego Heraclides Lembus, nascido em 170 a.C., registrou este terrível incômodo:

Na Peônia e na Dardânia, houve chuvas de rãs, e seu número era tão grande que elas encheram as casas e as ruas. Nos primeiros dias, as pessoas as matavam, fechavam as casas e faziam o que podiam. Mas depois nada mais havia a tentar para por fim àquilo; as vasilhas se enchiam de rãs, que eram encontradas cozidas ou assadas juntamente com os alimentos. Além disso, não se podia usar a água nem pisar no chão, coberto como estava desses bichos. Repugnados com o mau cheiro das rãs mortas, os habitantes fugiram desses lugares.[6]

Há muitos casos registrados ao longo da história em que cardumes, anfíbios e animais que vivem próximos à água caem com a chuva. Geralmente as pessoas se assustam com o presente dos céus, mas houve um caso em que os peixes caídos foram aproveitados e transformados em curry. A Crônica de Maravilhas e Espetáculos (1557) ilustrou uma chuva de peixes em Sojonia, ocorrida no ano 989, e uma de rãs ou sapos em 1355. Outras fontes nem sempre confiáveis informam que no século IV choveu peixes durante três dias no distrito grego de Quersoneso. “Caíram tantos peixes que bloquearam as ruas, impedindo de abrir as portas”. Em maio de 2000 as aberrações do passado transportaram- se ao presente e a agência Reuters noticiou a inaudita precipitação na Etiópia: A rara chuva fez com que milhões de peixes despencassem do céu, alguns mortos e outros ainda se debatendo, criando pânico entre os agricultores mais religiosos. Dessa vez, Saloto Sodoro, especialista em peixes na região, atribuiu o fenômeno às fortes tempestades formadas no oceano Índico que sugaram os peixes antes de derrubá-los sobre os incautos fazendeiros.

Chuva de sangue

Na onda de debates ecológicos que varreu a segunda metade do século XX a chuva ácida fabricada pela poluição ganhou muitas vezes um lugar de destaque. Na ficção Doug Moench imaginou este processo em fase crítica, mudando inclusive a cor e a composição da chuva que cai sobre Gothan City. Na mini-série em quadrinhos Chuva Rubra (Red Rain, 1992), Batman enfrenta Drácula debaixo de uma virulenta tempestade vermelha.

Drácula observa a chuva vermelha em Gothan City. (Arte de Kelley Jones, Malcolm Jones III e Lês Dorscheid; Chuva Rubra, 1992).

Não sei se os quadrinhos foram inspirados na pesquisa do jornalista Charles Fort (1874-1932), mas parece que nos dias 12 e 13 de novembro de 1903 o sul da Inglaterra tornou-se inabitável devido à colossal chuva vermelha. No dia 19 chuva análoga cobriu todas as Canárias, o que levou Fort a concluir que “em 1903 passamos através dos restos de um mundo pulverizado”.[7] Três análises publicadas em revistas científicas sobre diferentes amostras resultaram em, respectivamente, 9,08%, 23,49% e 36% de água e matéria orgânica. Até 27 de fevereiro esta precipitação prosseguia na Bélgica, Holanda, Alemanha e Áustria, sendo que em alguns casos quase toda a matéria era orgânica. Um navio informou acerca de uma precipitação no Oceano Atlântico, a meio caminho entre Southampton e Barbados. Segundo os dados compilados por Fort, calcula-se que tenham sido precipitadas dez milhões de toneladas de matéria na Inglaterra. Também caiu na Suíça (Symons’ Met. Mag. Março de 1903), na Rússia (Bull. Com. Geolog., 22-48) e uma grande quantidade de matéria não apenas havia caído vários meses antes na Austrália, mas continuava caindo naquele mesmo período (Victorian Naturalist, junho de 1903) – em enormes quantidades – lodo vermelho – cinqüenta toneladas por milha quadrada (1 milha = 250 hectares). “O que isso está fazendo conosco? De um jeito ou de outro, diretamente ou não, certamente está mudando o que bebemos”.[8]

Segunda praga: Transformação da água em sangue

No livro do Êxodo, a segunda praga exorta que “haja sangue em toda a terra do Egito, até nas árvores e nas pedras” (Êxodo 7:19). Chuvas vermelhas foram ocorrentes na Idade Média, quando foram chamadas “chuvas de sangue”.[9] Jerome Clark compilou um caso raro ocorrido no século XX, registrado nos jornais de 30 de agosto de 1968 em São Paulo, Brasil, que fala de uma chuva de carne e sangue em duas pequenas cidades entre Paulo e Rio de Janeiro. Diz a declaração de uma autoridade:

Os pedaços de carne foram encontrados a distâncias de meio metro uns dos outros, com comprimentos que variam entre 5 e 20 cm. A carne era de textura esponjosa e de cor violeta e veio acompanhada de gotas de sangue. O céu na ocasião estava limpíssimo. Não havia aviões, antes, durante ou depois do evento, e tampouco pássaros no céu.[10]

A Popular Science News (35-104) informou que, segundo o prof. Luigi Palazzo, chefe do Serviço Meteorológico Italiano, caiu alguma coisa do céu que tinha cor de sangue fresco em Messignadi na Calábria, no dia 15 de maio de 1890. A substância foi examinada pelos microscopistas dos laboratórios do Ministério da Saúde em Roma e concluiu-se que era sangue. Como o teste de DNA ainda não existia cogitou-se que “a explicação mais provável deste terrível fenômeno é que pássaros migratórios (codornas ou andorinhas) foram atingidos por uma tromba de ar e despedaçados”.[11] Charles Fort discorda desta teoria porque 1) não há nenhuma prova de que havia uma tromba de ar naquele momento, 2) tal substância seria atomizada num vento violento 3) não foi visto nenhum pássaro caindo do céu e 4) não se chegou a ver nem uma pena de pássaro. Segundo Fort, mais tarde, no mesmo lugar, o sangue choveu novamente do céu, fato que prova não ser produto de uma tromba de ar que “ainda que seja estacionária segundo o próprio eixo, descarrega-se tangencialmente”.[12] Suas pesquisas e notas contendo muitos relatos insólitos como este podem ser lidos em seus quatro livros publicados entre 1919 e 1932: The Book of the Damed, New Lands, Lo! e Wild Talents. Outras curiosidades da mesma espécie podem ser encontradas em O Mundo Misterioso de Arthur C. Clarke, de Simon Welfare e John Fairley, bem como na Enciclopédia do Inexplicável de Jerome Clark. (Todos altamente recomendáveis desde que o leitor tenha um mínimo de bom senso).

CARO AMIGO,
FAZ POUCO TEMPO QUE O CONHEÇO

E Mesmo assim, ja me afeiçoeu a você!
quero muito o seu bem... quero muito estar sempre com sua amizade.. quero muito permanecer a seu lado como estou com seu amigo.. e também não deixa de ser meu...
espero que nada.. do que tenha ocorrido abale nossas estruturas... amizade é dificil de acontecer.. ainda mais tão rápido...... vc sabe que é dificil alguém se afeiçoar a alguém... além do mais em si tratando de minha pessoa...
espero estar do seu lado.. como estou agora..
quero sua felicidade e sua recuperação...
eu te adoro.. e quando digo a um amigo que o amo.. e para todo o sempre que sua lembrança permanecerá em mim...
retorno a dizer...
eu te adoro e quero o seu bem....
quero sua felicidade... quero o seu sorrizo sempre exposto(com sinceridade)
nada mais pode me fazer feliz quanto sua alegri...
Jadson... muito obrigada por vc existir... e ter sua amizade... e podr te conhecer a cada dia mais...

8/04/2007

Tive um sonho, tive momentos lúcidos, tive sensações em plena luz do dia, tive recordações acordada, e quero contar aos poucos que apreciam meus escritos, poucos, ninguém. Eu sei sim.
Revelações? Não sei, apenas vejo meus ‘companheiros’ de momentos tão distantes, ou impressões tão equivocadas, tão sobrenaturais.
Meu primeiro, apareceu para dizer-me que não sou mais a criatura que ele almeja tanto que seja que um dia o amou, a qual libertinamos unidos, não somente o sentido sexual da palavra, mas a profanação do que acreditávamos ser sagrado, uma forma de desregrar as regras a nós impostas, como em todas as eras, como sempre presenciamos. Nunca fomos reprimidos, mas a descoberta é uma forma de morte. Morremos no dia em que meus olhos abriram em outro rosto. Meus olhos não mais o podem ver. São obedientes a uma regra que não podemos, não mais agüentamos suportar. Eu sei que sempre esta a espreita, o trai, mas sei que ele compreende a regra dos rostos novos, do esquecimento do passado para uma renovação. Acreditavam em mim, por isso tiraram-me dele.
Meu ser soturno de olhos negros, o verdadeiro Rei, o verdadeiro título de nobreza aos possuídos pelo desejo lúgubre. Sinto seus cabelos negros, sem corte e pentado, quando percebo suas mãos passarem sobrenaturalmente pelo meu braço esquerdo. Nunca o vejo, meus olhos obedecem a uma regra injusta aos de nossa categoria, aos de nossos profundos desejos.
Ultimamente, suas companhias aumentaram, vejo-o aflito. Posso ter uma falsa impressão, mas não quero que me abandone, quero que permaneça ao meu lado, mesmo que somente por poucos anos. Afinal, faz tanto que não nos vemos -e esta a reação que tenho, pode ser falsa.
Editado por Condessa, sem condições de prosseguir; dia 03-08-07 20h54mim.
Trecho do livro “Os Irmãos Karamazov” de Dostoiévisk

[...] Dizem que Fiódor Pávlovitch, quando recebeu a noticia, estava completamente bêbado e saiu correndo pela rua, levantando os braços para o céu e gritando, com alegria: “Agora, Senhor, deixa-me morrer”. Outros contam, porém, que ele chorava e soluçava como uma criancinha, a tal ponto que até dava pena olhar, apesar da repugnância que sempre inspirou a todos. É bem provável que ambas as versões sejam verdadeiras, isto é, que ele tenha se alegrado pela sua libertação e haja chorado pela libertadora – tudo ao mesmo tempo. Na maioria dos casos, os homens, mesmo os mais perversos, são muito mais ingênuos e simples do que julgamos. E nós próprios também, aliás.



Editado por Condessa dia 03-08-07; hora: 20h10min.
Bom... este deve ser um assunto nada relevante, afinal, vários pensadores estragaram a mesma tecla ao longo de suas conturbadas vidas. Apesar de adorar Dostoiévisk, estou apenas no inicio deste livro, ainda sem tempo de aprofunda-lo melhor, percebo quão perfeito é sua colocação sobre as pessoas... Eu, particularmente, saio-me bem com as relações interpessoais, o meu único problema é falar um pouco além e ser leveda pelos meus lados exageradamente sombrios a tal ponto do sentimental sobrepor o raciocínio.
Este trecho chamou-me atenção pelo fato dele, o narrador do livro, não deixar claro a qual versão tomou parte pela maneira como Fiódor reagiu com a morte de sua primeira esposa, ele apenas comenta uma reação, por conhecer a ‘figura’. E nesta ultima linha um pensamento muito, aliás, extremante desafiador, a constante ingenuidade das pessoas, posso afirmar, que isto é verdade -concretamente. As pessoas nunca percebem, mas quem tem conhecimento, as técnicas, ou melhor, a ciência, sabe manipular situações que até então são sempre comuns, fazemo-nas perceber apenas o que queremos com que elas percebam, é extraordinário escutar uma pessoa comentando algo sobre sua pessoa e na realidade, a manipulou, ‘ingenuamente’ para que abalizasse desta forma.
Não posso deixar de citar. Conheço uma pessoa que me fez lembrar este personagem, não pela libertinagem, ou outras quais querem características, apenas por ‘ingenuamente’ contar como ‘palhaço’ tudo o que acontece com ele mesmo. Isto faz esperto, mas o condena, o reprova pela falta também de raciocínio sobre as pessoas em geral. O que fez-me mesmo lembrar desta pessoa, é que tendo estas características, a cultura pela qual ele foi criado, não ajuda em nada as suas formas de persuasão, apenas impressionam-nos de forma errada e equivocada, não conseguindo assim se redimir. Uma pessoa sem esperteza prévia.