8/04/2007

Trecho do livro “Os Irmãos Karamazov” de Dostoiévisk

[...] Dizem que Fiódor Pávlovitch, quando recebeu a noticia, estava completamente bêbado e saiu correndo pela rua, levantando os braços para o céu e gritando, com alegria: “Agora, Senhor, deixa-me morrer”. Outros contam, porém, que ele chorava e soluçava como uma criancinha, a tal ponto que até dava pena olhar, apesar da repugnância que sempre inspirou a todos. É bem provável que ambas as versões sejam verdadeiras, isto é, que ele tenha se alegrado pela sua libertação e haja chorado pela libertadora – tudo ao mesmo tempo. Na maioria dos casos, os homens, mesmo os mais perversos, são muito mais ingênuos e simples do que julgamos. E nós próprios também, aliás.



Editado por Condessa dia 03-08-07; hora: 20h10min.
Bom... este deve ser um assunto nada relevante, afinal, vários pensadores estragaram a mesma tecla ao longo de suas conturbadas vidas. Apesar de adorar Dostoiévisk, estou apenas no inicio deste livro, ainda sem tempo de aprofunda-lo melhor, percebo quão perfeito é sua colocação sobre as pessoas... Eu, particularmente, saio-me bem com as relações interpessoais, o meu único problema é falar um pouco além e ser leveda pelos meus lados exageradamente sombrios a tal ponto do sentimental sobrepor o raciocínio.
Este trecho chamou-me atenção pelo fato dele, o narrador do livro, não deixar claro a qual versão tomou parte pela maneira como Fiódor reagiu com a morte de sua primeira esposa, ele apenas comenta uma reação, por conhecer a ‘figura’. E nesta ultima linha um pensamento muito, aliás, extremante desafiador, a constante ingenuidade das pessoas, posso afirmar, que isto é verdade -concretamente. As pessoas nunca percebem, mas quem tem conhecimento, as técnicas, ou melhor, a ciência, sabe manipular situações que até então são sempre comuns, fazemo-nas perceber apenas o que queremos com que elas percebam, é extraordinário escutar uma pessoa comentando algo sobre sua pessoa e na realidade, a manipulou, ‘ingenuamente’ para que abalizasse desta forma.
Não posso deixar de citar. Conheço uma pessoa que me fez lembrar este personagem, não pela libertinagem, ou outras quais querem características, apenas por ‘ingenuamente’ contar como ‘palhaço’ tudo o que acontece com ele mesmo. Isto faz esperto, mas o condena, o reprova pela falta também de raciocínio sobre as pessoas em geral. O que fez-me mesmo lembrar desta pessoa, é que tendo estas características, a cultura pela qual ele foi criado, não ajuda em nada as suas formas de persuasão, apenas impressionam-nos de forma errada e equivocada, não conseguindo assim se redimir. Uma pessoa sem esperteza prévia.

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