10/22/2009

AS RELIGIÕES DA MORTE

Uma reflexão sobre o pensamento das religiões dogmáticas quanto à realidade do espírito eterno

Wymac Uorres



Fé e Questionamento

O tempo, este caminhante da convenção humana, que marca os fatos na em sua inexorável seqüência, determina que os conhecimentos estejam em constante avanço, aonde, paulatinamente, vamos desvencilhando das ignorâncias milenares rumo a consciência universal. Entretanto, teologias de diversas religiões dogmáticas teimam em continuarem estacionadas. Quando lemos os discursos dos que dizem pregar "a palavra de Deus" se constata que pararam no tempo. Por conta desta atitude, a Doutrina Espírita está sujeita a constantes pichações que partem destas agremiações exclusivistas e sectárias.

O que levam estas religiões a adotarem estes procedimentos estanques relativos ao conhecimento, que é dinâmico?

Buscamos no ilustre pensador J.Herculano Pires subsídios para melhor nos esclarecer de como e porque o obscurantismo ainda consegue florescer.

Antes, observamos que estas posições, enraizadas em um passado distante e irredutível, floreadas de dogmas indiscutíveis, tornam-se de fácil compreensão, quando se permuta o raciocínio lógico e o bom senso, pela mistificação. Isso faz com que tudo seja tido como sagrado e o ‘‘sagrado’’ não é questionável, daí ser esse ‘‘inquestionável’’ um ponto de fé, vindo a fé ser uma bandeira para a salvação. Esta ânsia de salvação, pelo terror da morte, se torna o motivo final para se apegarem aos dogmas de fé, e enrodilhados ficam, porque o contrário disto levaria os fiéis ao campo proibido do questionamento, ato considerado absurdo igual a duvidar do próprio Deus ou das verdades inquestionáveis que trará como conseqüência uma morada definitiva no lugar de horror e sofrimentos infindáveis no inferno eterno!

Demonstrar a dinâmica desta fé que se recusa em provocar análise profunda de suas crenças, de comprovada incoerência e lógica. Como prova gritante destes absurdos claustros mentais, se faz necessário àqueles que se sentem livres para exercer o domínio sobre suas potencialidades.

Qualquer cidadão comum que se identifique religioso, no intimo admite a existência de uma vida espiritual posterior à morte física. Alguns não possuindo esta convicção em profundidade assumem possuir medo da morte em decorrência da pouca religiosidade. Outros declinam para nenhuma fé. Uma massa mórbida permanece de olhos baixos e "tementes a Deus" e ao iminente castigo, talvez esteja aí a base da conversão dos notórios presidiários. Tudo isto são frutos dos parcos conhecimentos das religiões sobre a realidade do espírito, e isto leva às incertezas que determinam novas posturas de fé ao religioso vacilante, gerando novas mistificações grotescas.

A Incredulidade Religiosa

Contrária à crença no pós-morte e suas conseqüências vindouras, motivação principal das religiões, é a crença na idéia da inatividade total pela ‘‘não sobrevivência do espírito’’ como individualidade, que certo segmento religioso ensina, significando a vitória do pensamento niilista sobre a fé. É o morreu acabou!

Esta crença mais própria do materialista ateu e do cético, cultuada no interior do cristianismo, se fundamenta em alguns trechos esparsos da Bíblia que os querem a seu favor, inclusive, por conta deste futuro ‘nada’ espiritual, pregam que os ímpios, após o juízo final, serão aniquilados numa atitude de se verem livres de uma vez do inferno, com inexistência total para estes condenados, além da inconsciência do espírito pós-morte que é admitida por outros.

Por conta desta eliminação de substância e essência, nos esclarece o filósofo J. Herculano Pires, em sua obra "Agonia das Religiões": "O materialismo morreu por falta de matéria, como afirmou Einstein, e as religiões agonizam, como podemos ver, por falta de espírito", nada mais absurdo que uma religião ensinando mistérios e magias ainda que não admitam, com isto. Lembramos do mito da criação de Adão e Eva e da crença em sacrifícios propiciatórios em época de tantas informações nas vitrines do conhecimento.

Suspeitando desta herança de mistérios das crenças dogmáticas do homem, nos esclarece ainda o professor J.Herculano Pires, que "...suas raízes se entrelaçam no chão das heranças atávicas, ambos tem a mesma procedência remota, derivam das fórmulas mágicas e passaram pelos mesmos processos de elaboração mística nas coordenadas do tempo e do psiquismo em desenvolvimento." Justifica-se este comportamento simplório de certa forma até irresponsável, quando se constata que "...fundam sua eficácia na fé ingênua que brota do sentimento religioso intuitivo (ou instinto espiritual) e requerem posturas corporais específicas e elementos materiais como veículos da graça celeste." Um destes elementos pode ser visto na exigência do batismo, motivo de muitas dissensões entre estas igrejas, que o autor credita ao apego às tradições por ‘‘acomodação’’.

O estudo da imortalidade, tese da existência da continuidade do viver continuum do espírito, deve passar por estas observações, já que inúmeras correntes religiosas advogam o contrário, e paradoxalmente ainda utilizam-se disto para dar combate a Doutrina Espírita, expoente maior da vida após a vida. É um comportamento compreensível, segundo a visão de J.Herculano Pires, se verificarmos que o homem civilizado tem as suas raízes profundas e vigorosas na selva, embora não queiram os religiosos dogmáticos, no dizer do professor em enfoque, este homo brutalis tinha suas leis: subjugar, humilhar, torturar, matar. Ora, estas religiões possuem características de heranças atávicas além do desprezo pela evidência da imortalidade da alma. Tanto este selvagem com seus valores quanto estas filosofias, as niilistas e as exclusivistas, querem que sua crença seja "a única válida", que o seu modo de ver o mundo e os homens seja o "único certo", e que seu deus é o "único verdadeiro", e que isso sendo bom para elas também é para a comunidade, mas, os opostos, devem ser eliminados. O professor nos esclarece quanto a essas posturas como conseqüência desta fé: "As religiões da violência fizeram de Deus uma divindade implacável e os livros básicos de suas revelações estão cheios de homicídios e genocídios em nome de Deus", embora tenha o homem este sentimento religioso motivado pelo anseio existencial, não o educou para a morte2, este espírito de dominação tribal foi em busca de maior exército em nome do proselitismo, aliando o fazer existencial a uma pseudotranscendência.

Os Novos Conhecimentos

De todas as formas de conhecimentos existentes, pesam contra estas retrógradas correntes de pensamento as pesquisas na área da parapsicologia e psiquiatria, da descoberta do corpo de plasma à memória extracerebral. Estas duas grandes contribuições da ciência ao conhecimento humano, além de corroborarem as teses espíritas, vêm fertilizar o pensamento do homem com relação a sua aparente finitude material ampliando a perspectiva espiritual. Com isto, entramos na Era do Espírito o que permitirá corrigir os enganos das religiões cristãs tradicionais, pois "sua herança não é o pecado nem a morte, mas a vida em nova dimensão¹".

Entretanto, estas mesmas igrejas sofrem de uma alergia ao futuro, como diz J. Herculano citando uma pesquisa feita no instituto de Altos Estudos de Paris, pelo professor Remy Chauvin, que constatou a existência no campo cientifico da "alergia ao futuro", um sintoma que as tornam vítimas da "rejeição liminar", sem exame, de toda novidade, mesmo que sustentada por cientistas categorizados ― e verificamos de maneira perfeita encaixar-se nestas esferas de clausura espiritual. Comentando quanto a ser "a mentira" um dos pontos básicos da crise das religiões, esta seria, no entanto, apenas um dos motivos, pois, o fundamental reside nos ‘‘enganos’’ decorrentes de falta de compreensão dos problemas essenciais do homem, o que justifica encontrarmos pessoas cultas, honestas, crendo piamente nas mais absurdas coisas por aceitarem os dogmas infalíveis e suas interpretações escriturísticas.

Ante todos estes agressivos aparatos ideológicos para a exterminação da manifestação do espírito eterno, verificamos que algo está morrendo em certas religiões e o homem, abandonado no horizonte das possibilidades eternas, se lança na herança do passado do homo brutalis, perseguindo a si mesmo, pois é espírito, renunciando a sua ascensão definitiva acima do mundo de dores para chumbar-se aos dogmas que algemam as verdades eternas, e nos diz Herculano, "As medidas enérgicas de Paulo se transformaram em repressivas, judaizando o cristianismo",e presenciamos até hoje o pejorativo comércio simoníaco sendo cultivado pela ignorância vigiada advinda do medo da condenação eterna. Como explicaríamos tantos cultos ligados aos benefícios materiais? Esta proliferação de crenças interditas à razão sufoca as defesas naturais da alma, soterrando-a de apupos salvíficos espúrios por ilógicos, confirmando a assertiva do professor de que a crença "é um ato emotivo e sem a presença da razão, é uma fé emocional, pois sugestionada, que conduz o elemento imaturo à barbáries construindo assassinos a serviço de Deus", é o que nos tem mostrado a história.

Contra todos estes malefícios espantosos que assistimos convém relembrar a atualidade das palavras do renovador universal, Allan Kardec, colocada em outras palavras pelo professor, que "só a razão, firmada em experiências objetivas e em princípios lógicos pode nos dar a fé verdadeira que nos permite dizer, como Denis Bladle: ― Eu não creio, eu sei²".

Feitas estas devidas considerações quanto aos rumos do pensamento equivocado das dogmáticas escolas da fé, necessário se faz atentar que houve distanciamento de alguns conhecimentos ante o espaço-tempo decorrido, que, carcomidos pelas eras, estão a exigir destas escolas da alma novos re-aparelhamentos do seu arsenal filosófico, pois "os homens começaram a descobrir que possuem muito mais do que as igrejas lhes podem dar²."

Wymac Uorres

março de 2004



Bibliografia:

1. A Agonia das Religiões, J. Herculano Pires, ed. Paidéia, 2ª. Ed., abril 1984.

2. Educação para a Morte, J. Herculano Pires, ed. Correio Fraterno, 4ª. Ed., julho 1993.

3 comentários:

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